terça-feira, 2 de novembro de 2010

Um grande filme.

Passados os primeiros momentos do resultado das eleições que, para mim, foram desalentadores, nada melhor do que uma sessão de bom filme. E, o escolhido foi: Tropa de Elite 2, primeiro porque o primeiro da série foi excelente, segundo, porque a notícia de que milhões de expectadores lotavam as salas de exibições em todo o país, estimulavam a curiosidade.
Pois bem. Se no primeiro filme as situações são delineadas através da descrição do funcionamento do grupo de elite do BOPE, formado por policiais exaustivamente treinados para o combate violento junto às favelas cariocas e, paralelamente, a vida e desenvolvimento do coronel Nascimento no angustiante dilema do exercício da perigosa atividade e o nascimento do primeiro filho, determinam o andamento do roteiro, no segundo filme a história se desenvolve em ritmo frenético e assustadoramente real.
O retrato da convivência de policiais honestos com corruptos e, ainda, a estes somados os políticos que se servem destes e dos traficantes criam um clima de realismo que qualquer brasileiro bem informado sente como uma punhalada no coração. É o Rio de Janeiro real ! É o Brasil real!
José Padilha: guardem bem este nome. Já nasce como o maior cineasta brasileiro da atualidade. Soube realizar um retrato perfunctório da sociedade brasileira atual e de suas mazelas, fato que, guardadas as devidas proporções, se assemelha às descrições da sociedade colonial brasileira expostas por autores como Gilberto Freire e Sérgio Buarque de Holanda. Por outro lado, Wagner Moura, no papel do coronel Nascimento, consagra-se como um dos maiores atores da geração, juntamente com Lázaro Ramos e Selton Mello. Sua interpretação e caracterização do idealista policial será lembrada por muito tempo.
Fica, finalmente, um gosto amargo após o final da fita. Paradoxalmente, milhões de expectadores assistiram o filme e, na mesma época, 55 milhões de votos foram dados a Dilma, que representa o sistema prevalente, criticado no filme.
Como a sensibilidade é um sentimento ausente do brasileiro comum!

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