domingo, 18 de maio de 2014

Pequenas notas. Aumento do salário rejeitado. Consumo de energia através de sistema pré-pago. Índia e saneamento básico. Comemoração indigesta.

Pequenas notas.


Aumento do salário rejeitado.


Pois é. O fato ocorreu nestes dias. O país: Suíça. Ao ser propalado um aumento do salário mínimo que atingiria, em reais, cerca de R$10.000,00, o povo suíço, através de referendo, rejeitou o projeto. O número de contrários foi de cerca de 70%.  O motivo, como era natural, seria evitar o aumento inflacionário e o aumento do desemprego. País civilizado, com índice de educação formidável, só poderia escolher tal caminho. Exemplo para todos nós.




Consumo de energia elétrica através do sistema pré-pago.




Alquimistas de plantão sugeriram e pretendem implantar no Brasil um sistema de energia pré-paga, em que o consumidor efetuaria a aquisição de um montante de créditos que julgasse suficiente para suas necessidades mensais. Instalar-se-ia um relógio em cada local, que marcaria o consumo e alertaria sobre a necessidade de mais créditos. É incrível. Pretende-se tornar o consumidor mais estressado do que já é. Aumentar o número de usinas, trabalhar na economia popular com gasto responsável, ninguém se preocupa. No Brasil faltam administradores e sobram locupletadores!




Índia e saneamento básico.




Em reportagem assustadora, o jornal Folha de S.Paulo deste domingo, sob o título "Trabalho sujo", p.A 22, expõe a miséria da Índia, um país que é considerado uma potência, tendo mandado foguete a Marte, e que de forma contrastante, " tem 1,3 milhão de catadores de excrementos, responsáveis por limpar as fezes de 15 milhões de pessoas". Não por acaso, informa-se que o Banco Mundial, através de seus dados, declara que "uma em cada dez mortes da Índia se deve à falta de saneamento básico - ou seja, cerca de 780 mil indianos por ano". Além disso, informa-se que o maior empregador de catadores de excrementos da Índia é o sistema ferroviário. Os 178 mil vagões de trens lá existentes permitem que as pessoas despejem os excrementos sobre os trilhos para que os catadores os recolham.


Comemoração indigesta.


Na inauguração do Itaquerão, obra do novo estádio do Corinthians, sob o beneplácito de Lula, quem fez a festa foi o Figueirense. Só podia acontecer com o Corinthians. E aconteceu. Para a alegria geral dos não corintianos. E viva o futebol!

domingo, 4 de maio de 2014

A lucidez do poeta e a política nacional.




Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem.
Ferreira Gullar
Ferreira Gullar, talvez o maior poeta vivo do Brasil, assina uma coluna dominical no jornal Folha de S. Paulo, onde, com maestria e lucidez aos 84 anos, mostra sua faceta brilhante de articulista e comenta assuntos ligados à política e arte em geral. No último domingo, seu texto, intitulado "Arte de enganar pobres" (p. E10, Ilustrada) aborda  a falência do socialismo na América Latina, e o surgimento daquele ao qual atribui o nome de neopopulismo, destinado a diferenciá-lo do populismo original próprio dos regimes de direita como peronismo, varguismo, e que tem no chavismo exemplo maior, com seguidores no lulismo,  e petismo de modo geral, órfãos do falido regime soviético e que, por não poderem mais se apresentar como tal, criaram uma "contrafação do projeto revolucionário". Assim, após sucessivas derrotas, Lula se aliou ao capitalismo para chegar ao poder e, tão logo o alcançou, adotou um regime assistencialista com o Bolsa Família e outras medidas econômicas para aumentar o consumo pelos menos favorecidos.
O bastão foi entregue a Dilma e o sistema persiste. Como insiste Gullar, o uso da máquina do Estado não serve para obter o bem-estar do país, mas, sim, "crescer politicamente". E, continua: "o neopopulismo é isso: distribuir benesses às camadas mais pobres da população para ganhar-lhe os votos e manter-se indefinidamente no poder." Gullar conclui que o povo continua pobre, sem perspectivas de melhorias, apesar de não morrer de fome, o país não se desenvolve, fica estagnado e lamenta que o dinheiro gasto com o Bolsa Família e outras medidas populistas não seja destinado à educação, saneamento e problemas de infraestrutura, possibilitando "melhores condições profissionais ao trabalhador e possibilitando o crescimento econômico."
Sábias palavras e, penso, o que sente todo brasileiro sensato.
Aliás, é oportuno informar que, confirmando este abandono da educação no Brasil, a revista Veja informou sob o título "É muita falta de educação", no dia 01.05., em sua versão para internet, que a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em ranking sobre educação de 36 países, o Brasil ficou em 35º ! Esta avaliação é posterior a outra feita há pouco tempo em que o Pisa (sigla, em inglês, para Avaliação Internacional de Alunos) informou que em 2013 o Brasil ficou em 58ª posição num ranking de 65 países no quesito educação. Para se ter uma ideia melhor, um aluno chinês (país que ocupa o 1º lugar no ranking) de 10 anos tem o mesmo desempenho de seu colega brasileiro de 15 anos, o mesmo acontecendo com o coreano de 11, o americano de 12 e o tailandês de 14.
Portanto, aqueles que comungam com o pensamento de Gullar devem se unir para lutar para a mudança no poder político atual, substituindo o neopopulismo lulista por candidato que se apresente como transformador da situação atual, priorizando como nunca a educação, alicerce para as demais conquistas sociais! Não por acaso, Eduardo Campos, um dos postulantes ao cargo máximo brasileiro já se antecipou, colocando a educação como sua prioridade governamental.


P.S. Enquanto rabisco estas notas, fico assombrado com o volume de pessoas que atravancam o trânsito na rua Major Claudiano, Praça do Cemitério, em frente a uma banca de jornais, todos unidos na bucólica "troca de figurinhas" de jogadores de futebol da Copa do Mundo ! Isto, em frente à construção da Casa da Cultura e da Arte de Franca! Só um psiquiatra para explicar tamanho desatino num país faminto de educação!