segunda-feira, 28 de agosto de 2017

A decepção da população com os Poderes.

A decepção da população com os Poderes.

A política e a economia do País, mergulhadas num turbilhão de sucessivos fatos que atingem toda a população, causando decepção e falta de perspectiva futura, com Executivo, Legislativo e, agora, até o Judiciário, em ritmo de totais desconfianças, exigem mudanças urgentes.
Se os políticos, desde o Mensalão e, agora, com a Lava Jato, estão totalmente desacreditados, e os representantes do Executivo, sucessivamente, causam transtornos pela incapacidade constante de resolução de problemas, a última esperança, o Judiciário, vem claudicando quando mais dele se necessita. Tudo isto vem crescendo desde a trágica decisão do TSE, passando pelas últimas
intervenções do ministro Gilmar Mendes contra decisões judiciais de primeira instância e nos confrontos contra o Ministério Público Federal.
Enquanto não surge uma atitude da Ministra Carmen Lucia e dos demais membros do STF, no sentido de se barrar as estapafúrdias medidas de Gilmar, fica à população um sentimento de total abandono e desesperança quanto a uma mudança que mantenha a credibilidade da mais alta Corte.
Neste domingo, além de ser capa da revista Veja, que retrata em reportagem a atuação maléfica de Gilmar, tivemos interessante pesquisa do instituto Ipsos, publicada pelo Estadão, com o título "Onda de rejeição alcança até ministros do Supremo" (p.A4), onde as pessoas ouvidas manifestaram contrariedade às atitudes dos principais atores do cenário político, administrativo e judiciário do País, com críticas não só a Gilmar, Carmen Lucia , Fachin, Janot, e outros. Isto porque, atualmente, como cita o pesquisador Danilo Cersosimo (Ipsos) há "a percepção de que a Lava Jato não trará os resultados esperados pelos brasileiros" e, também, "há uma percepção de que a sangria foi estancada, de que a Lava Jato foi enfraquecida". Na análise dos três ministros do STF citados na pesquisa, o cientista político da PUC, Marco Antônio Teixeira entende que "a sociedade deseja um Supremo que se oponha à classe política, mas Carmen Lucia e Fachin têm posicionamentos mais moderados. Já Gilmar Mendes demonstra outro lado, aquele em que o Supremo está muito próximo de alguns grupos políticos".
Hoje, no "Antagonista", há menção a uma entrevista do professor de Direito Constitucional, Conrado Hubner Mendes, dada ao "O Globo", intitulada "Gilmar viola grosseiramente a lei" em que o mesmo assevera: "a conduta de Gilmar Mendes rompe qualquer padrão de decoro judicial. É promíscua e patrimonialista. Difícil entender como normalizamos isso. Ele viola grosseiramente a lei, e não há razão republicana que explique a deferência ou tolerância com a qual a presidente do STF e os outros ministros o tratam”.
São palavras que soam como um oásis no deserto da imobilidade da comunidade jurídica nacional, que não pode permanecer inerte às atitudes de Mendes.
Como salientou Francisco Sá Filho (Relações entre os Poderes do Estado. Rio: Borsoi, 1959. p.292): "necessário se faz que a Justiça não seja, como pretendia Marx, o instrumento passivo das classes dominantes. Ao contrário, ela há de ser a trincheira invencível dos oprimidos, dos perseguidos, dos sedentos de justiça, exercendo, assim, em plano verdadeiramente teleológico, a missão quase divina, de evitar o desespero dos homens e a eterna perdição das almas".
É sempre bom lembrar a Gilmar e outros as sábias palavras de Rui Barbosa na célebre "Oração aos moços", dirigindo-se a futuros juízes: "não militeis em partidos, dando à política o que deveis à imparcialidade. Dessa maneira venderíeis as almas e famas aos demônios da ambição, da intriga e da servidão às paixões mais detestáveis. Não cortejeis a popularidade. Não transijais com as conveniências...".
Enfim, vamos aguardar que ocorra rápida decisão de Carmen Lucia sobre o pedido de suspeição de Gilmar no processo em que o mesmo concedeu habeas corpus a favor de notórios marginais do ramo dos transportes públicos desabonando decisão justa de primeira instância. E, que, também, haja sucesso no pedido de impeachment de Mendes proposto por juristas de respeito.
O Brasil necessita, urgentemente, de mudanças radicais nas esferas dos três Poderes e, felizmente, parece que existe uma luz no fim do túnel. Em recente programa de Fernando Gabeira, na Globonews, abordou-se os movimentos de renovação da política nacional, ouvindo-se líderes de movimentos como Nova Democracia, Bancada Ativista, Agora, Transparência Partidária, que surgem com pessoas bem alinhadas e posicionadas que poderão mudar a história política do Brasil. É o que esperamos.