domingo, 19 de junho de 2016

Não salva ninguém? A volta dos princípios.

Não salva ninguém? A volta dos princípios.

Sim, seria esta, realmente, a conclusão que devemos chegar em relação aos políticos nacionais?
Desde o episódio do Mensalão, em que se descobriu uma vasta rede de corrupção no País, com envolvimento de grandes partidos políticos nacionais, principalmente do PT e do PP, em que figuraram como estrelas máximas da corrupção, Marcos Valério, José Dirceu, principal líder petista e figura mais próxima do então presidente Lula, Roberto Jefferson, além de outros políticos, todos nós passamos a ter conhecimento que uma vasta gama de políticos se beneficiava em negociatas em que recebiam propinas a troco de vantagem em concorrências públicas às empresas direcionadas e corruptoras.
Não havia passado muito tempo desde o mensalão e, a seguir, surgem novas denúncias e constatações de corrupção oriundas das investigações da Operação Lava Jato a cargo da Polícia Federal e sob o controle do Ministério Público Federal, agora já no governo de Dilma Rousseff, também do PT.
Por incrível que possa parecer, novamente surgiu a figura de José Dirceu e uma grande engrenagem recheada de membros do partido de Dilma, do mesmo PP do mensalão e, agora, com a participação do PMDB, que fez parceria com o PT nos últimos pleitos. E, novamente, surgem as maiores empreiteiras como coautoras da corrupção com os políticos.
Toda a investigação policial arrastou o governo em imensa crise que resultou no atual processo de impeachment da presidente Dilma e na posse interina de Michel Temer na presidência, aguardando o desfecho final do processo de impeachment, agora nas mãos do Senado.
Atualmente, antes da decisão do impeachment, apareceram inúmeras denúncias contra políticos ligados ao PMDB que, de cara, já foi obrigado a perder três de seus ministros integrantes do governo. E, com as recentes delações premiadas, especialmente a de Sergio Machado, que se dedicou a denunciar a participação de diversos políticos do PMDB de projeção e que teriam se envolvido em recebimento de altas quantias de propinas, o caos está montado. E, no ventilador de denúncias apresentadas, sobrou até para o presidente interino Michel Temer.
A situação dramática ora vivida faz o sociólogo José de Souza Martins (in Moralismo popular versus política. Jornal Estado de S.Paulo, caderno Aliás, 12.06.16, p. E2) afirmar: "para sair da crise institucional, o País não pode varrer de vez os corruptos e a corrupção. Precisa do apoio dos que investidos de mandatos legais e legítimos podem ou não viabilizar a apuração de responsabilidades e decidir pelo afastamento do poder daqueles que cometeram ilícitos e envolveram-se em irregularidades. Porém, tudo tem seu tempo e hora. Se todos os acusados de corrupção e irregularidades fossem de uma só vez afastados do poder e das funções políticas que ocupam atualmente, mesmo sendo minoria e minoria poderosa, o País provavelmente entraria em outra crise".
O momento brasileiro é fruto de uma crise de princípios.
Há muito tempo, Montesquieu, com seu determinismo moderado, já ensinava em relação à corrupção que cumpria remover a "causa" (corrupção), sem o que ela agirá como uma determinante: "Uma vez corrompidos os princípios do Governo, as melhores leis tornam-se más, e prejudicam o Estado. Quando os princípios estão sadios, as más leis têm o efeito de boas. A força do princípio é que prevalece. Quando uma República é corrompida, não há remediar-se qualquer dos males resultantes, a não ser afastando a própria corrupção e restabelecendo os princípios. Qualquer outro corretivo será inútil ou um novo mal". (O espírito das leis. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. p.149).
Não há outra alternativa no horizonte brasileiro. A situação se deteriorou de tal forma que somente a volta dos princípios e o culto da honestidade poderão proporcionar esperança aos brasileiros.