domingo, 29 de novembro de 2015

Em defesa das Instituições.


Em defesa das Instituições.

A situação política nacional, de um bom tempo para cá, vem tomando matiz acinzentado. Após o processo do Mensalão, no qual emergiram as primeiras constatações concretas do domínio da corrupção no meio político, notadamente com predomínio no partido que tinha seus representantes na mais alta cúpula, a situação, contrariando todas as expectativas, veio a persistir e, agora, com as descobertas da Operação Lava Jato, trazem o momento calamitoso pelo qual caóticas revelações deixam atônitos os brasileiros que anseiam livrar-se de um pesadelo interminável.
A promiscuidade entre políticos e empresários causa asco e, após o rolo compressor inicial, com as prisões de José Dirceu, Vaccari, Marcelo Odebrecht, Nestor Cerveró, Youssef, e tantos mais, novas descobertas, oriundas de delações premiadas, fazem vir à tona a participação do senador Delcídio Amaral e do banqueiro André Esteves, metidos num imbróglio em que arquitetavam uma hollywoodiana fuga para Cerveró, a troco do silêncio na delação contra os mesmos e outras pessoas, por crimes entrelaçados à corrupção atrelada à Petrobras.
A novidade, em assunto tão humilhante para a Nação, foi que, ao envolver-se o nome de ministros do STF, desencadeou-se uma reação maior do que a esperada, e a determinação imediata das prisões dos envolvidos traz a esperança aos brasileiros de que, finalmente, as amarras que protegiam o alcance da lei aos poderosos, finalmente tendem a ser superadas. A prisão, agora, não é somente para os pretos, prostitutas ou pobres, mas para todos, incluindo aí políticos, empresários e toda a corja que se esconde atrás dos colarinhos brancos.
Ou seja, a força de instituições como a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, ensejam que, no Brasil atual, os corruptos, qualquer que seja sua posição social, estão sujeitos a ficarem atrás das grades.
A predominância da lei, num país tão criador de almas fora da lei, é reconfortante e vem de encontro à doutrina jurídica:
"As normas jurídicas que asseguram a coexistência social apresentam-se sob dois aspectos diferentes: por um  lado, são permissivas, estabelecendo uma determinada esfera de liberdade dentro da qual cada indivíduo pode desenvolver ou não a sua atividade; por outro são proibitivas, porque impedem os outros de violar essa esfera de liberdade." (Groppali, Alexandro. Introdução ao Estudo do Direito. Coimbra: Ed.. Portugal, 1978. p.63).
Que um novo horizonte surja, com as últimas prisões, aí incluído um senador da República, para que os brasileiros possam sonhar que a liberdade dos grilhões da corrupção, implantada pelo petismo, esteja próxima.

domingo, 1 de novembro de 2015

Lula, FHC, Rogério e a hora de sair de cena.

Lula, FHC, Rogério e a hora de sair de cena.

"A gente nunca sabe a hora certa de parar...então a gente para antes da hora sem saber."(J. S. Melo)

A capacidade criadora e eficiente do ser humano encontra a barreira do envelhecimento e a diminuição paulatina da produção, seja ela em qual ramo exista. Alguns, privilegiados, retardam muito bem tal sina. No entanto, a média é cruel e o homem deve saber a hora exata de parar, ou ao menos, de se afastar de posto decisório e se dedicar ao plano social e humanitário, fato que não desmerece ninguém, mas, ao contrário, o dignifica.
Temos exemplos marcantes de personalidades, seja no meio político, seja no desportivo, que optaram pela melhor hora de saírem de cena, conservando na memória de todos as grandes conquistas.
Entre a dignidade e a vaidade cega, o político e líder revolucionário Fidel, e o santo e religioso Bento XVI, optaram por sair de cena, antes que os fatos assim o fizessem.
No plano empresarial, Bill Gates, criador da Microsoft, após longo sucesso, anunciou sua saída do comando da empresa, para cuidar somente de seus projetos sociais e humanitários.
O grande ator Walmor Chagas, já falecido, aos 81 anos, quando inquirido sobre sua então vida regrada, afirmou: "um ator deve saber a hora de sair de cena. É como um atleta, tem um período de auge, depois começa a decair."
Na área dos esportes, o grande exemplo foi de Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos, que resolveu parar no auge da fama e eficiência. Dilema, que, no entanto, não alcançou outro ídolo recente, Rogério Ceni, que, aos 41 anos, relutou em parar, mas que, agora, por força de uma contusão, terá de fazê-lo, num momento em que sua atuação já não reflete seu passado.
Ou seja, sair de cena, é uma virtude e uma grandeza só ao alcance dos verdadeiramente grandes.
Todo o intróito foi para comentar dois fatos recentes. Enquanto Lula, em recente convenção do PT, vociferava aos quatro cantos que se considerava inatingível, e que todos deveriam se acostumar com o fato de que pretende sair candidato nas próximas eleições, apesar da chuva de acusações por corrupção que vem sofrendo e que não só o atingem como também a toda a sua família, FHC, ex-presidente, e que saiu de cena após seu último mandato, há quase dez anos, dava entrevista conciliadora e sábia ao jornalista Roberto D'Avila da GloboNews, onde mostra toda sua grandeza e amor ao país, ao contrário de Lula. Note-se que, em relação a FHC, não pesa qualquer acusação de corrupção.
O que Lula fez foi contrariar, portanto, esta regra básica da vida: ser digno requer profundo respeito por si próprio. Não soube a hora certa de parar. E, agora, passa por situações vexatórias.