segunda-feira, 18 de abril de 2016

Edição especial. Impeachment: Câmara dá o início do resgate do Brasil.

Impeachment: Câmara dá o início do resgate do Brasil.

Hoje, 17 de abril de 2016, vivemos uma data especial. A Câmara dos Deputados, em sessão especial, concluiu o juízo de admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Votaram deputados, sendo 367 favoráveis ao recebimento do relatório da comissão e o consequente envio ao Senado para a fase seguinte de aceitação da denúncia e a determinação do impedimento da presidente. Ou seja, 25 votos a mais do que o necessário, causando derrota acachapante a Dilma.
Foi um período longo, de discussões e manifestações populares que empurraram os deputados à votação ocorrida hoje. Neste período, o governo se utilizou de todas as formas, algumas sórdidas, para impedir que o processo prosseguisse, além de acionar constantemente o STF no intuito de encontrar alguma ilegalidade.
Como se sabe, não somente os ilícitos perpetrados nas famosas "pedaladas" fiscais dão legitimidade ao processo de impeachment. Aliadas a elas, tivemos um enorme rol de crimes creditados à presidente, desde a compra da refinaria de Pasadena, com prejuízos incríveis para a Petrobrás, recebimentos de propinas de empreiteiras, devidamente comprovadas na Operação Lava Jato, sob o manto de "doações legais às campanhas", e, também, gravações realizadas com diálogos de verdadeiros marginais entre Lula e Dilma.
Dilma, protagonista do maior estelionato eleitoral da história nacional, deslegitimou seu mandato e afundou o Brasil na sua maior crise econômica e política, procurando perpetuar o poder do PT, continuando as práticas ilícitas iniciadas no Mensalão e advindas de seu padrinho político Lula. Como bem assinalou o jornal "O Estado de S.Paulo", em seu editorial de hoje, intitulado "Um dia decisivo": "Dilma deverá ter mandato cassado não apenas pelas "pedaladas" que efetivamente praticou, desrespeitando normas fiscais, ou por ter criminosamente autorizado despesas públicas à revelia do Parlamento, Dilma também será apeada do poder porque esmagadora maioria dos brasileiros está revoltada com a corrupção endêmica na gestão da coisa pública, estimulada por um ex-presidente que se apresenta como defensor dos fracos e oprimidos enquanto confraterniza com empresários poderosos e corruptos; com as deslavadas mentiras eleitorais de 2014; com a arrogante e desastrada tentativa de impor, na marra, a hegemonia do lulopetismo ao Parlamento logo no início do segundo mandato; com a exacerbação do nefasto toma lá dá cá que transformou a Esplanada dos Ministérios num balcão de compra e venda de diplomas de representação popular."
Em complemento ao Editorial do Estadão, outra publicação interessante, também hoje, foi o artigo do jurista e diplomata Celso Lafer, intitulada "Rex inutilis, que retrata, perfeitamente, a situação de "dirigente inútil" que personifica Dilma Rousseff, advinda do direito medieval: "São características do rex inutilis na elaboração doutrinária do Direito medieval na Europa: a falta de apropriado discernimento político, a inépcia administrativa, a negligência moral, o acúmulo de erros políticos."
Grandes e honestos intelectuais, como Ferreira Gullar e Bolivar Lamounier, após mostrarem-se favoráveis ao impeachment, como única solução atual, em recente manifestação no jornal Folha de S.Paulo, queixam-se da fragilidade política e de seu sistema no Brasil, que clama por uma reforma consistente. E é verdade. Concluído o impeachment, uma das mais árduas tarefas dos novos responsáveis será criar um novo sistema político, com restrição ao elevado número de partidos, financiamento fiscalizado de campanhas e outras medidas reparatórias.
Por outro lado, o papel da população, na crise atual, foi marcante e mostrou uma nova consciência política, fazendo crer que em breve jovens lideranças deverão surgir no cenário nacional. Além disso, vi com satisfação nos debates realizados na Câmara, a propósito do impeachment, deputados que realmente parecem preencher requisitos próprios de parlamentares preparados, principalmente do PSD, como  Rogério Rosso (DF), Marcos Montes (MG) e, principalmente, João Rodrigues (SC) que podem liderar a renovação que se espera.
Como se viu, nas manifestações populares, a Operação Lava Jato fez fluir na população um desejo de mudanças no status quo, principalmente pela intolerância contra a corrupção e a irresponsabilidade política. Bem disse Ferreira Gullar, quando afirmou "O povo nas ruas parece clamar por uma mudança drástica dos valores políticos na sociedade brasileira".
Que a decisão tomada pela Câmara dos Deputados, atendendo ao clamor das ruas, se estenda à posição a ser tomada pelo Senado que, a partir de hoje, não terá coragem de impedir o desejo uníssono de uma Nação: Impeachment Já!