A tênue separação entre o legal e o moral.
Notícia veiculada no jornal Comércio da Franca, de sexta-feira, sob o título "Alto escalão da Prefeitura banca 19% da campanha de Alexandre" (p.A-3), informa situação, no mínimo constrangedora, protagonizada por diversos doadores de quantias e que (segundo a nota) constam de lista do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), referente à prestação de contas de Alexandre Ferreira, prefeito eleito. Ocorre que, na referida lista, constam os nomes de seis ex-integrantes do governo Sidnei e atualmente integrantes do governo Alexandre em postos do alto escalão, os quais teriam doado importâncias consideráveis (média de cinco mil reais) à campanha. Custa crer que pessoas físicas tenham, nos dias atuais, facilidade de disporem tamanhas importâncias para gastos aleatórios, especialmente destinados a fins políticos.
Como se sabe, é polêmica a discussão em torno das diferenças entre conceitos de moralidade e legalidade. Na órbita do Direito Administrativo figura como bem didática a definição da doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di Pietro (Direito Administrativo. 14 ed. São Paulo: Atlas, 2002. p.77) sobre o assunto: "antiga é a distinção entre Moral e Direito, ambos representados por círculos concêntricos, sendo o maior correspondente à moral e, o menor, ao direito. Licitude e honestidade seriam os traços distintivos entre o direito e a moral, numa aceitação ampla do brocardo segundo o qual non omne quod licet honestum est (nem tudo o que é legal é honesto)".
Parece que, no caso, ainda que se alegue ser legal o ato, a mim não parece honesto.
Além disso, é importante lembrar que a própria Constituição Federal deu guarida à defesa da moralidade administrativa (art.37, caput), elevando-a a princípio e incluindo-a no ordenamento jurídico, de conteúdo indefinido, ou seja, um conceito jurídico indeterminado.
Franca e as estatísticas policiais.
A manchete do jornal Comércio da Franca, de sábado, foi a seguinte: "Violência avança e Franca registra 17 furtos por dia", constante de dados fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública, atestando um acréscimo de 14,5% de ocorrências em 2012 em relação a 2011.
Franca se apresenta como uma das cidades onde a insegurança se apresenta com um crescimento assustador, já há algum tempo. E, curiosamente, não se verifica movimentação alguma nos segmentos que deveriam combater tal situação como Prefeitura Municipal, Câmara dos Vereadores, Poder Judiciário, orgãos representativos de classes, ficando a população à mercê da bandidagem.
A volta do Renan.
Em eleição acompanhada por toda a população, o Senado realizou votação para a escolha de seu novo Presidente. Embora houvesse uma candidatura alternativa (senador Pedro Taques), Renan Calheiros, figura conhecida nos meios políticos pela facilidade nos conchavos e ex-presidente da Casa, que havia renunciado quando se decobriu que uma empreiteira pagava pensão a uma ex-namorada, venceu, com facilidade. Seu retorno vai contra todo o desejo da Nação que, nas redes sociais da internet e nas ruas se movimentou contrariamente e continua a se movimentar, angariando assinaturas (objetivo: 1 milhão) para pedir a cassação do mandato de Renan.
Em um de seus editoriais, na seção Opinião, o jornal O Estado de S.Paulo, de 2 de fevereiro, sob o título "Defensor da Ética", ironizando o discurso de Renan, que disse ser defensor da ética, assim resumiu o fato desolador da política nacional:
"Renan Calheiros é presidente do Senado Federal. A Casa está de joelhos.
Cinquenta e seis senadores renderam-se aos interesses subalternos do caciquismo
político que transformou o Congresso Nacional no mais desprestigiado poder da
República. Cumpriu-se, de resto, mais uma etapa importante da consolidação do
projeto de poder do lulopetismo. Mais uma vez, os detentores da hegemonia
política no plano federal demonstraram sua habilidade em usar a mão do gato para
atingir seus objetivos. Para completar a destruição da credibilidade do
Parlamento, só falta agora consumar-se a eleição do notório deputado Henrique
Alves como presidente da Câmara dos Deputados."
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