1. Babilônia francana.
Um dos significados da palavra babilônia, em hebraico, é "confusão". Daí o título acima para o comentário sobre a liberação sonora na cidade de Franca. Embora haja lei disciplinando publicidades volantes, lei esta incompleta, diga-se de passagem, os abusos em relação ao uso indiscriminado de veículos portadores de possantes altofalantes que circulam folgadamente nas avenidas é assustador e perturbador. As empresas que veiculam este tipo de publicidade (tais "leilões" de veículos), na maioria, optam por fazê-lo aos sábados, de manhã. E, haja paciência! Neste fim de semana, entre outros barulhentos, tivemos o desprazer de ter de suportar o anúncio estridente da "última semana" de um circo, o Napoli, e por incrível que possa parecer, o início de outro circo. E, infeliz coincidência, seu nome: Babilônia. No momento em que se divulga que o Prefeito disciplinou lei atinente a "outdoors", seria oportuno que se dedicasse atenção a este tipo de publicidade que, além de não ter efeito algum, propicia acintosamente perturbação do sossego público.
2. O Chefão brasileiro.
A revista Veja, desta semana, coloca em sua capa uma foto do político José Dirceu, um dos líderes do PT, atualmente com direitos políticos suspensos em virtude de atos ligados ao "mensalão", e ainda respondendo a processo criminal por corrupção perante o STF. A legenda traz a significativa alusão a "chefão", fazendo lembrar as falcatruas do célebre filme de Bertolucci na impagável interpretação de Marlon Brando. Na citada reportagem, há a informação de que José Dirceu comanda um gueto político à sombra de Dilma, mas com articulações as mais variadas, nem sempre para bons propósitos e, na maioria das vezes usando e abusando do mau "lobby".
É lamentável que, ao mesmo tempo, se saiba que, por morosidade da Justiça nacional, na próxima quarta-feira, os crimes atribuídos aos "mensaleiros" irão alcançar a prescrição criminal. E, mais uma vez, Dirceu e Cia. Ltda. irão se perpetuar na política brasileira.
3. Coordenador da Operação Lei Seca dá o mau exemplo.
Este acontecimento é incrível. No Rio de Janeiro, o ex-coordenador da Operação Lei Seca, Alexandre Felipe, atropelou quatro pessoas, sendo que uma teve morte cerebral, na quinta-feira, em Niterói. Alexandre é subsecretário de Governo para a região metropolitana e, no dia do atropelamento, além de não ajudar as vítimas, confessou ter ingerido bebida alcoólica. Seria mais uma trágica notícia se, no caso específico, o autor não fosse o ex-coordenador da Operação Lei Seca.
4. Dimenstein e o nosso "inferno".
Gilberto Dimenstein, brilhante jornalista da Folha de S.Paulo, escreve grandes crônicas aos domingos.
A de hoje, intitulada "Meu inferno é mais interessante", é imperdível e aborda comparação entre sua estadia na calma e civilizada cidade de Cambridge, de 100 mil habitantes, ao norte de Boston, EUA, em convívio com Harvard e MIT, para estudos, e sua vinda à descontrolada metrópole de São Paulo onde teve a oportunidade de presenciar fatos policiais lamentáveis, como o do cidadão atropelado por um Land Rover, além de notícias sobre arrastões e assaltos a caixa eletrônicos. Interessante, no entanto, é a conclusão do artigo. Assim, como qualquer brasileiro que tem oportunidade de conhecer outros países e culturas, em locais onde a urbanidade e o respeito aos cidadãos são prestigiados, Dimenstein, como bom brasileiro que é, aludindo ao "inferno" local e o "paraíso" dos alienígenas, assim se expressa, após sentir "desfile de emoções" em seus encontros no Brasil: "Por isso, meu inferno é mais interessante do que o paraíso dos outros. E, tentando chegar ao aeroporto, começo a sentir saudades."
Este é um tipo de patriotismo que o Brasil não pode prescindir. Parabéns, Dimenstein, exemplo de cidadão e de jornalista! Para quem se desilude com os acontecimentos lamentáveis que pipocam no dia a dia do Município, Estado e País, nada mais alentador!
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