quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Um ano sem sua presença física.

"Ah, essas saudades de família...a gente tem sempre um injusto pudor de afagá-las e vive-las." (Alfredo Palermo. Crônica familiar. Letras avulsas e ritmos proscritos. Franca: Ribeirão Gráfica, 2002. p.131).



Hoje, 30 de dezembro de 2010, faz um ano que meu pai, Alfredo Palermo, nos deixou e ficamos sem sua presença física. Sim, porque a espiritual permanece, intacta, firme. E, assim, como se vê da frase acima, início de memorável crônica em homenagem a meu avô João Palermo, sinto e compreendo melhor o relato ali contido.

Entre tantos e brilhantes exemplos deixados, fruto de uma existência marcada pela bondade, amor ao próximo, extremo amor à cidade (Hino da Franca) e ao trabalho, religiosidade sensível (Hino à Padroeira), sobreleva em minha memória seu intenso amor à família.

Palavras fluem e são passageiras, resta, porém, a lembrança que será eterna. E, para uma pessoa que amava a poesia, versos de Mário Quintana são oportunos e merecidos:


"A vida é um incêndio: nela dançamos, salamandras mágicas.

Que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta?

Em meio aos toros que desabam,

cantemos a canção das chamas



Cantemos a canção da vida,

na própria luz consumida..."



(Inscrição para uma lareira, poema contido no livro "80 Anos de poesia". São Paulo: Globo, 2003. p.158)


Observação: Uma grata surpresa.

Na celebração eucarística de um ano do falecimento de meu pai, realizada na Catedral de N. S. da Conceição, às 19 h., do dia 30.12.10, uma grata surpresa aconteceu. Sem dúvida, um presente da Padroeira ao seu devoto e autor do Hino em sua homenagem. Foi designado um sacerdote jovem, que, particularmente, eu não conhecia de outras celebrações. Entrou humildemente e deu início ao ato litúrgico. À medida que a missa se desenvolvia percebi sua desenvoltura e pleno domínio do ofício. No momento da homilía a revelação! Juntamente com as leituras do dia, entre elas uma de S. João (1a. Epístola), e o Evangelho de S.Lucas (Lc 2, 36-40),em feliz comentário, o padre ressaltou a preponderância dada por S. João ao amor, quando evangelizava. Suas palavras jorraram com candente eloquência, próprias dos grandes oradores e, tenho certeza, meu pai que, entre outros ofícios, exerceu a oratória como grande esgrimista, espiritualmente, deve ter sorrido, como sempre fazia quando escutava manifestações de pessoas eruditas, com colocações exatas e pontuais sobre idéias expostas às platéias.
De minha parte, quero dizer que há muito tempo não assistia a uma celebração em que o sacerdote de forma simples e eficiente realizava uma homilia clara, perfunctória e sem os excessos de opiniões alheias ao assunto, como, infelizmente, costuma ocorrer.
Lamentavelmente, ao final da missa, a notícia triste: ao agradecer a participação dos fiéis, o padre se apresentou, com o nome de Michel e informou que, como soldado da Igreja e em obediência às determinações superiores do Bispado, estava se despedindo da cidade, uma vez que havia sido designado para a paróquia da vizinha cidade de Restinga. Uma pena! Franca perde a oportunidade de ter um verdadeiro apóstolo da Igreja!

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