Tecnofobia.
Há pouco, mandei realizar uma revisão e limpeza de minha antiga máquina de datilografia, usada por mais de 30 anos no exercício da advocacia. Isto sem saber o motivo, pois trata-se de uma peça em extinção, ou seja, está em completo desuso, após a era do computador. Resistiu, heroicamente, até que alguém resolveu determinar a prevalência da era eletrônica nos fóruns e a máquina foi relegada a peça de museu.
A existência dos primeiros videogames que acompanhavam minha rotina de pai me inseriu no grupo dos tecnófobos, e o surgimento dos computadores e celulares veio confirmar que, embora não tenha nenhum orgulho disso, minha dificuldade em lidar com tecnologia é um mal inexorável.
Minhas habilidades manuais sempre foram pequenas, sendo que a elaboração de uma pipa , de um carrinho de rolemã ou um aeromodelo, diversões próprias de minha infância, transformavam-se em pesadelos angustiantes.
Já na idade adulta, apegado à tradicional máquina de datilografia, tive dificuldades de trocar minha amada Triumph pelos "modernos" computadores e notebooks. Que dizer do telefone fixo, para o idolatrado celular!
E, não fica por aí. Gosto de ouvir, pelo rádio, jogos de futebol, quando não televisionados diretamente. E, mania antiga, não abro mão dos radinhos portáteis movidos a pilhas. Recentemente, adquiri um novo, para servir-me nos campeonatos que se iniciam brevemente.
Daí, quando leio uma notícia de que "antes confinados ao universo do esporte de alto rendimento, aparelhos capazes de medir batimentos cardíacos, a velocidade dos passos e os deslocamentos do usuário estão se tornando cada vez mais populares ao serem abraçados por marcas como Sony, Samsung, Motorola e LG, nas ondas dos chamados dispositivos vestíveis", fato agora seguido pela gigante Apple, que prepara o lançamento do "Apple Watch", entendo que minhas ondas de tecnofobia só tendem a aumentarem.
O uso multifacetado dos novos relógios não ficará restrito às atividades físicas ou médicas, mas estender-se-á a outros rastreamentos das atividades humanas. Com um relógio ou uma pulseira, poder-se-á analisar o que o aluno faz o dia inteiro, ou até mesmo um empregado de uma empresa, ou seja, a privacidade e a segurança estarão nas mãos dos detentores da tecnologia.
Os avanços da humanidade caminham mais rápidos do que nossa vã imaginação pode esperar e, aqueles como eu, tecnófobos de telefones celulares, computadores e outras parafernálias eletrônicas, estarão em maus lençóis.
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