domingo, 18 de janeiro de 2015

Museus públicos e abandono.

Museus públicos e abandono.


Quem viaja ao exterior sente o cuidado extremado que as nações destinam aos seus museus. Particularmente, pude constatar em Washington, D.C., nos EUA, um sem número deles em que se percebe o carinho da população e dos dirigentes, sejam os museus públicos ou privados, onde a organização reflete a importância que se deve dar a tais elementos fundamentais da cultura.
Paris, na França, Roma, Florença, Milão, na Itália, também possuem museus que guardam dados e peças históricas monumentais que proporcionam a quem os frequenta um apanhado visual do desenvolvimento gradual da humanidade. Todos eles, sem exceção, impecáveis.
É por isto que Denise C. Stuart (STUART, Denise C. Museus: emoção e aprendizagem. Revista de História.com.br. Disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/secao/educacao/museus-emocao-e-aprendizagem. Acesso em 17 jan. 2015) afirma sobre a importância dos museus:


"Ao contrário do que acontece na escola, onde a formação se dá pela frequência diária às aulas, uma visita ao museu pode ter tempos diferenciados e acontecer paulatinamente ao longo da vida, em diferentes ocasiões, independentemente de idade e grau de conhecimento. Além disso, a experiência dos visitantes será sempre distinta de outras: cada um vai observar, compreender e absorver o que está exposto ou escrito de maneira diferente. O aprendizado no museu tem, enfim, um caráter único, sempre condicionado à experiência individual do visitante e das circunstâncias em que ocorreu a visita, na medida em que as percepções variam segundo o contexto da visitação."


E mais:


"Diversas histórias estão ali prontas para serem narradas: histórias de outras épocas evocando povos e civilizações antigas, com suas maneiras de viver e pensar; e do mundo contemporâneo do qual fazemos parte, com suas novas descobertas, formas de expressão artística, cultural etc. São espaços simbólicos, muitas vezes mágicos e surpreendentes, capazes de oferecer uma experiência ao mesmo tempo educativa e divertida."


No exterior, há filas enormes para visitas aos museus. E, a grande maioria deles, cobra para o acesso. São bem administrados, possuem inúmeros funcionários e a segurança fica por conta da polícia local, do estado e, em alguns, até pelo exército, como na Itália.
Pois bem, todo este prólogo é para manifestar minha revolta com três notícias da mídia nesta semana. A primeira, dando conta que o Museu Nacional iria fechar em virtude da "falta de verbas para serviços de limpeza e vigilância". Trata-se do mais antigo museu do Brasil, especializado em história natural, sendo o maior da América Latina na área. É mantido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A segunda, informando que uma Fundação para a Memória Republicana Brasileira, no Maranhão, criada por José Sarney para guardar 40 mil itens pessoais relacionados a sua vida pública e transferidos para o poder público por sua filha Roseana Sarney, fazendo com que o mesmo  gastasse R$8 milhões entre 2012 e 2014, estava se tornando uma dor de cabeça para o atual governador Flávio Dino, que não sabe o que fazer com tamanho desperdício da instituição-museu que está num prédio colonial de 1654 no centro histórico de São Luís. O prédio conta com 48 funcionários comissionados (indicados) que consomem verba mensal de R$174 mil mensais. Todo este desperdício de dinheiro é lamentável, pois ao invés de promover o culto de um político que não deixará boas lembranças, transfere verbas que poderiam suportar museus verdadeiramente interessantes para a cultura maranhense e nacional.
A última notícia é local, da cidade de Franca, onde seu Museu Histórico, que funciona num dos prédios mais antigos e significativos, possuindo grande acervo de dados e objetos da história francana, está em total abandono, com goteiras em toda sua construção, não havendo perspectiva de qualquer atitude para corrigir tal fato por parte do poder público. E todo mundo sabe que o órgão responsável pelo museu é a Feac que possui verbas para tal, mas prefere destiná-las a despesas menos importantes como as destinadas ao time de basquete que, por sinal, é privado. E, ainda que a Feac se abstenha de suas funções primordiais, o prefeito deveria abraçar a defesa do Museu, mesmo que tal ação não traga dividendo eleitoral futuro. Afinal, é a história da cidade que está em jogo. Talvez seja esperar muito de um político que, iniciando a segunda metade de seu mandato, nada fez. É bom lembrar que este político caiu na cadeira de prefeito graças ao ex-prefeito Sidnei, outro que nunca cuidou da manutenção de museus e bens públicos, preferindo obras que satisfizessem seu ego. Pobre Franca!



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