1. Em quem não votar.
"Por duas razões se persuadem mal os homens a crer algumas cousas, ou por muito dificultosas, ou por muito desejadas: o desejo e a dificuldade fazem as cousas pouco críveis." (Pe. Antônio Vieira, "Sermão dos bons anos", em "Esssencial Padre Antônio Vieira", Alfredo Bosi, São Paulo: Penguin-Companhia das Letras, 2011. p.281).
Política é algo que interessa e seduz a todos. A sucessão de notícias escabrosas proporcionadas pelos protagonistas da vida política, aos poucos, foi afastando a participação dos brasileiros, de um modo geral. O prejuízo maior, no entanto, é o afastamento dos mais jovens, o que impossibilita renovação de princípios e ideias.
Sou de uma época mais antiga, vivenciando as atividades políticas de meu pai, ex-deputado, de sempre participar da política estudantil, especialmente à época do ensino médio, atuando junto às eleições da UESF (Uniãos do Estudantes Secundários de Franca) e de um jornal que a mesma patrocinava. Foram bons tempos, onde a iniciativa política era moldada e de onde surgiram embriões de políticos bem sucedidos como o atual prefeito Sidnei Rocha, José Chiachiri Filho, Paulo de Tarso, Elias Mota, etc. Posteriormente, a vivência acadêmica em duas faculdades locais também proporcionou momentos de atividades políticas estudantis.
Durante toda minha atividade privada, no entanto, não me seduziu o ingresso na vida partidária. Apesar disto, como a maioria dos brasileiros, de tanto assistir as incompetências vingarem e permanecerem, em determinado momento, qualquer um pensa que, ao invés de criticar, a solução melhor seria tentar participar. Foi o que fiz, e em fins de 2011 acabei filiando-me a um partido, após investigação de que seria um dos poucos não envolvidos em acusações de malversações. A ideia era conhecer o movimento partidário, as propostas, os envolvidos e, caso fosse do agrado, tentar postular uma candidatura.
No entanto, a frustração veio logo e as expectativas não foram as desejadas, uma vez que a estrutura partidária está anos luz atrasada. Não há respeito a qualquer programa partidário. Os filiados mal conhecem o estatuto, não se interessam pelos ideais ali estabelecidos, têm pouca cultura e nenhum conhecimento das necessidades básicas da população. Os objetivos são aqueles que todos estão acostumados a verificar, quais sejam os das acomodações de interesses pessoais, familiares, grupais e um escancarado desejo de obter uma remuneração atraente, fato que os coloca à mercê de conchavos políticos sob lideranças nem sempre talhadas para representá-los. Além disso, há uma absurda interferência de líderes de partidos maiores sobre o funcionamento do partido menor, incluindo correligionários seus infiltrados nas decisões partidárias, o que enfraquece o poder de decisão do nanico.
Daí, me afastei, ciente que o sonho de mudanças se desvanecia.
Assim, hoje, com liberdade, posso dar alguns conselhos a algumas pesssoas que os solicitam, sobre critérios por mim a serem utilizados nas minhas escolhas.
Inicialmente, para qualquer voto, em primeiro lugar, vou investigar sobre a idoneidade moral e intelectual do favorecido. Ausência de ficha suja é imprescíndivel. Além disso, sou frontalmente contrário a qualquer reeleição para cargos do Executivo. Não reelejo ninguém, mesmo porque não tenho conhecimento de nenhum político que tenha se superado no segundo mandato. Pelo contrário.
Sou também contrário a campanhas que tratam da "continuidade da administração", ou da "manutenção das atividades". Desconfio da participação ou apoio dado por grupos empresariais, entidades de serviços, clubes, maçonaria, etc.
Em Franca, particularmente, é fácil, através da leitura dos jornais, verificar o que está incomodando a população e, consequentemente, em quem não votar se o candidato tem algum envolvimento com a situação criticada. Assim, pela simples leitura do jornal "Comércio da Franca" deste domingo, toma-se conhecimento, lendo o local mais democrático do jornal ("Carta dos Leitores", p.A-2), que há insatisfação contra "candidatos e empresários", numa crítica à miscigenação dos interesses privados e públicos; "semáforos", crítica em relação ao controle erroneo do trânsito; "novo pronto socorro", com críticas à administração da saúde em Framca, problema crônico há tempos; "cortumes-mau cheiro dá tréguas", com críticas à leniência da administração em relação aos abusos dos proprietários daquelas empresas nas reiteradas infrações ambientais; "reforma do esqueleto", com comentários sobre a infeliz ideia de aquisição de imóvel abandonado por valores absurdos à revelia da população.
Além disso, a manchete do jornal Comércio da Franca deste domingo, é sintomática: "Número de assaltos em Franca explode e chega a três por dia". Ou seja, quem votará em quem não tiver proposta para acabar com tal atuação e, mais, quem votará em quem é protagonista atualmente da falta de segurança, apesar de ocupar cargo que poderia amenizar tal situação?
Finalmente, há mais: na coluna "Objetiva", do mesmo jornal e dia, sob o título "Asfalto secundário", há crítica aos cuidados de recapeamento de ruas e avenidas do centro e total abandono das ruas de bairros periféricos, o que contraria aqueles que endeusavam o governo atual pela atuação neste sentido, mesmo dispondo da verba suculenta de 30 milhões dada pela Sabesp em troco da manutenção de sua concessão e que, atualmente, como se vê, não foi suficiente para sanar as necessidades.
Finalmente, tendo em conta os inúmeros problemas, falta de projetos, submissão ao Executivo, desprezo às reivindicações populares, dificilmente alguém, em sã consciência, terá vontade de reeleger qualquer um dos atuais ocupantes do nosso Legislativo.
Ou seja, há muita coisa a se ponderar. Infelizmente, os postulantes às eleições vão ter de se esforçar muito para se afastarem da ligação com os problemas citados e incluírem em suas propostas projetos novos e aptos a convencer os eleitores de que não se juntarão à maioria ineficiente que prepondera há muito tempo.
Portanto, fica fácil perceber em quem não votarei.
2. Mensalão.
Vai começar, em poucos dias, o maior julgamento da história do STF. O julgamento do mensalão, crime ocorrido durante o exercício do governo Lula, e maior escândalo de corrupção da história brasileira, promete dominar o noticiário por muito tempo, sendo que todos os principais veículos como Veja, Época, Estadão e Folha já dedicam amplas reportagens e a Folha, deste domingo, fez excelente caderno especial, com todas as informações básicas sobre o julgamento.
O Brasil terá a oportunidade de se livrar de políticos nocivos como José Dirceu, chamado de "chefe da quadrilha" pelo MPF, José Genoíno, Valdemar Costa Neto e outros "peixes menores", como Marcos Valério, Delúbio Soares, Silvio Pereira, etc., num total de 38 acusados.
Por outro lado, a enxurrada de verbas destinadas às maiores bancas de advocacia do país pode acarretar a indicacação de falhas processuais que levem, num processso volumoso, o STF a absolver vários dos implicados, fato que causará uma imensa frustração na população e nos meio jurídicos idôneos.
É bom lembrar que a maioria dos membros do STF foi indicada pelo governo Lula e alguns dos ministros já se envolveram em polêmicas, casos de Gilmar Mendes, e Tóffoli, ex-advogado de José Dirceu, do PT e indicado por Lula ao cargo.
Assim, tudo é possível.
3. Blitz para deter "flanelinhas".
Curiosamente, noticiou-se que, nesta semana, por ordem da Secretaria de Segurança, ocorreu grande "blitz" protagonizada pelas polícias civil e militar no sentido de deter e investigar pessoas que ficam em estabelecimentos comerciais tomando conta de autos, por conta própria, mais conhecidos como "flanelinhas" e que, constantemente, estão envolvidos em reclamações pelos danos que causam aos proprietários de veículos supostamente "guardados" mediante intimidação e não escolha. Em relação ao excesso de som destes mesmos estabelecimentos, que poderia ser objeto da mesma intervenção e que atormenta aqueles que residem nas proximidades dos postos de gasolina situados na Avenida Alonso Y Alonso e adjacências do Galo Branco, nada foi feito.
Por outro lado, os jornais não param de noticiar a escalada de furtos, roubos, assassinatos, comércio de drogas, e não se tem conhecimento de práticas de "blitz" ou outras operações para a redução destes crimes maiores.
Ou seja, a polícia fica a dever à população e ainda corre o risco de ter de enfrentar a ação da Defensoria Pública, quando tomar conhecimento das detenções dos "flanelinhas", o que desmoralizaria todo o trabalho.
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