segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Fatos que incomodam na urbe

Alguns fatos, no dia a dia da cidade de Franca, acabam chateando, não por existirem, mas pela forma que se apresentam. Em alguns casos, bastaria, para que não acontecessem, que os responsáveis pela administração pública cumprissem com suas obrigações básicas. Senão, vejamos.

1. HALLEL.

Este evento, descrito pela imprensa como "organizado pela Associação Nova Evangelização João Paulo II com apoio da Diocese de Franca", gera expectativa dos organizadores de "que sejam arrecadados cerca de R$ 200 mil com as vendas de comidas e bebidas". E, ainda, que o "dinheiro será investido na própria manutenção da Hallel Escola de Evangelização" (fonte: jornal "Comércio da Franca", do dia 12.09.10, p.A-7).
Muito bem. Nada de mal que uma organização, de fins religiosos, procure realizar os objetivos por que foi criada. O que se discute é a utilização do Ginásio Poliesportivo durante três dias, onde o local, destinado para práticas esportivas dos munícipes de todas as religiões, é ocupado totalmente, com instalação de quiosques, barracas e palcos, dentro e fora das instalações. Isto depois de a Prefeitura acabar de realizar extensa reforma do local e, por conseguinte, despendido considerável verba pública para tal.
E, como se constatou, para a instalação das inúmeras barracas e palcos, várias escavações foram realizadas, invasões em jardins recentemente plantados. Até um caminhão de uma construtora, que faz perfurações no solo para fundações, foi visto realizando perfuração nas dependências do local público.
Por outro lado, as pessoas residentes nos bairros vizinhos foram obrigadas a conviver, sem pedirem, com o alto volume de som das "60 bandas, 16 missas e nove momentos de adoração".
Ou seja, se alguns já estão realizando promoções em suas dependências, como a APAE, com sua Festa de San Gennaro, e ainda pretende-se afastar a festa da N. S. de Achiropita do calçadão da Rua Voluntários, porque ainda se permite a realização do Hallel nas dependências do Poliesportivo, misturando-se o público com o privado, ainda mais considerando-se que a Constituição Federal estabelece ser o Brasil um país laico?
Aliás, curiosa publicação foi feita no jornal "Comércio da Franca", de 09.09.10, p.D-7, onde a organização, prevendo danos, avisa (sem qualquer amparo legal) não se responsabilizar "por danos causados nos veículos estacionados ou por causa da alimentação servida". Custa acreditar !


2.Calçadas.

A Prefeitura Municipal, através da atual gestão, realiza um grande serviço no que diz respeito à ampla rede de asfalto, em curso na cidade. Além disso, realiza trabalho de vulto, no sentido de evitar as enchentes na região do Galo Branco.
No entanto, a Administração Municipal está omissa no que tange às calçadas na cidade, principalmente nas grandes avenidas. Basta uma volta para se constatar a inexistência de calçamento nas principais vias. É evidente que existe legislação municipal prevendo a exigência de calçadas. Caso contrário, seria fácil a apresentação de projeto de lei específico. Ou até a utilização do expediente legal da contribuição de melhoria, tipo tributário pouco utilizado no Brasil porque, apesar de eficaz, exige coragem para aplicação pois não angaria votos. Pelo contrário.
Aliás, na Capital, a Lei n. 14.675 criou, em 2008, um Plano Emergencial de Calçadas (PEC), cuja meta previa recuperar 1.575 quilômetros de calçadas em 315 vias. Atualmente apenas 63 estão concluídas. E, por isso, o Ministério Público solicitou, através da promotora de Urbanismo Joiese Filomena Buffulin Salles, explicações, com relatório, dando dois meses para tal. Gerou até reportagem no programa CQC da Band. Aqui, seria ótimo que o responsável pela área de urbanismo do MP cobrasse da Administração igual medida. A cidade agradeceria e os habitantes mais ainda, pois poderiam ocupar seu espaço sem o risco de serem atropelados ou sujeitos a ferimentos por transitarem sobre buracos.

3.Ônibus para São Paulo.

Franca convive, há muito tempo, apenas com uma empresa de transporte rodoviário para transporte de passageiros para a capital do Estado: Viação Cometa.
Quem se utiliza dos serviços da referida empresa, constantemente, percebe que para a rota Franca-São Paulo e São Paulo-Franca são colocados ônibus mais velhos, reformados e bem inferiores aos utilizados para os mesmos serviços para cidades como, por exemplo, Ribeirão Preto ou Campinas, com visível prejuízo para os consumidores.
Nada se faz. Aliás, dever-se-ia pleitear a melhoria dos serviços ou, o que seria melhor, a vinda de novas empresas, assim como já existe em Ribeirão Preto ou outras cidade. Como se sabe, a concorrência sana qualquer leniência. É pleito difícil, pois aqueles que podem modificar a situação geralmente têm veículo público à disposição e não podem aquilatar a falta da eficiência de tal medida. Mas, como se anuncia a construção de nova rodoviária, não custa sonhar.

4. Rodoviária e táxis.

E, por falar em rodoviária e táxis, seria bom que o responsável pela fiscalização dos táxis do município constatasse "in loco" o péssimo serviço realizado na rodoviária pela maioria dos permissionários lá trabalhando. Há veículos sem qualquer condição de uso e até sujos e com peças quebradas. Uma vergonha !

5. Pedágio e estado de rodovia.

Pois é, aumenta-se o valor do pedágio e, em contrapartida, a conservação das estradas não é realizada a contento. Para tal, basta verificar o serviço de conservação da Autovias na altura dos quilômetros 388 e 389 da rodovia Cândido Portinari. O asfalto está irregular e áspero devido a remendos mal feitos.

6. Cinemas no Franca Shopping.

Foi feita ampla publicidade sobre as reformas efetuadas nos cinemas existentes no Franca Shopping, mas a única empresa do ramo na cidade apresenta uma programação de filmes quase que totalmente dublados. Ou seja, para quem gosta de assistir filme legendado, só resta viajar para Ribeirão Preto ou São Paulo, para assistir filmes da melhor forma, além é claro do melhor conforto, livres também da bagunça que ocorre em determinadas sessões por força de maus frequentadores que não são coibidos.

7. Saúde.

O problema da saúde pública em Franca parece ser irrecuperável. Após entregar a responsabilidade pelo atendimento popular ao Estado, o município verifica, com os últimos acontecimentos, que a situação está caótica. O atendimento é péssimo, constantes casos de omissão de socorro são perpetrados. Hoje, a imprensa dá notícia que, com o retorno do promotor responsável pelo setor, que estava de férias, medidas de apuração de responsabilidades serão tomadas. Até o momento não se sabe se há efetiva participação do Ministério Público. Já era hora. Lembramos o velho Cícero: "Quousque tandem abutere Catilina patientia nostra".

8. Política nacional.

É lamentável o que vem ocorrendo com as constantes violações do sigilo fiscal das pessoas no Brasil. Cinicamente, nosso Guia e seu subordinado ministro demonstram ser fato natural, na contramão de todo ensinamento constitucional. E, ainda, somos obrigados a aturar pessoas que já ocuparam ineficientemente cargos públicos, defendendo tal prática e, absurdamente, terem oportunidade de manifestarem tais propósitos em jornal local. Que saudade dos velhos tempos de imprensa livre e descompromissada !

9. Festas e confusões.

A imprensa dá notícia de ocorrência de "quebra-quebra" em festa particular, denominada "Festa da Flavinha", ocorrida nas dependências do clube Castelinho, no sábado p.p. Tudo gerado pelo término de bebidas alcoólicas. Estima-se em 28 mil reais o prejuízo causado ao clube. Já está passando da hora das autoridades (Prefeitura, Polícia, MP) darem um basta neste tipo de acontecimento que, volta e meia, é destaque negativo na cidade. Como há grupos que promovem shows artísticos constantemente, onde o som excessivo vem causando desagrado à população, poder-se-ia pensar na construção de local próprio e distante do perímetro urbano destinado a solucionar um dos maiores problemas de poluição sonora da cidade.

10. Trânsito e furtos.

A imprensa, diariamente, dá notícias da ocorrência de acidentes de trânsito e, também, de constantes furtos e assaltos em residências. É tempo das autoridades reverem suas atuações de vigilância, seja num caso, seja no outro.

Termino dizendo que "para o mal triunfar, basta os homens de bem não fazerem nada" (Cícero).

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