Corrupção pode ser extinta ou é um mal inerente à política?
A Operação Lava Jato aguçou a luta contra a corrupção, situação mais comentada nos últimos tempos. Na verdade, dizem os estudiosos, a Inglaterra demorou 300 anos para conter a corrupção e nós ficamos a pensar quanto tempo o Brasil, que sofre com a mesma há 514 anos, esperará para ficar na mesma posição que a Inglaterra chegou.
Como salientou o jornal The Economist, em artigo intitulado "O resgate pela democracia", traduzido e publicado no jornal "O Estado de S. Paulo", de 15.03, p.B 8: "A resistência à corrupção na América Latina tem uma história longa e, em grande parte, inútil. Antônio de Ulloa, um capitão naval, tentou e não conseguiu erradicar a fraude numa mina de mercúrio nos anos 1750 na cidade andina de Huancavelica. Líderes corruptos foram depostos na era democrática sem muito efeito sobre a própria corrupção. As fulminações de Hugo Chávez contra ela na Venezuela ajudaram sua ascensão ao poder; no seu regime 'bolivariano' ela piorou. A prisão de Alberto Fujimori, em cujo governo o Estado peruano se tornou uma empresa criminosa, não purificou o país."
No próprio Brasil, confirmando que a corrupção servia há muito tempo para a lavagem do dinheiro do crime organizado, mesmo durante a vigência dos anos duros da ditadura militar (1964-84), como salienta Alba Zaluar (Para não dizer que não falei de samba: os enigmas da violência no Brasil, em História da Vida Privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.v.4. p.271): "ao contrário do que aconteceu em outros países da América Latina, o Congresso não ficou permanentemente fechado, e o governo continuou a usar a corrupção adicionada ao clientelismo como estratégia para controlar os políticos que corroboravam as decisões dos militares, o que provocou atitudes fortemente anticlientelistas e antiestatais nos movimentos sociais ligados à oposição, além de ter facilitado o aparecimento das redes e dos circuitos da lavagem do dinheiro do crime organizado no período da redemocratização."
Ou seja, antes era de uma forma, havendo conluio entre o governo e políticos. Agora, de outra forma, a corrupção é usada para os objetivos espúrios dos políticos mancomunados com as empreiteiras.
Verdadeiramente, a situação é calamitosa em todo o mundo, chegando o Papa Francisco, neste sábado, a afirmar em Nápoles: "Quanta corrupção há no mundo(...). A corrupção é suja e a sociedade corrupta é uma porcaria. Um cidadão que deixa que a corrupção o invada não é cristão!".
Para o Papa, ainda, "a corrupção é suja e uma sociedade corrupta fede".
Por outro lado, o povo brasileiro tem reagido às constantes revelações da Operação Lava Jato e as manifestações populares que já ocorreram e que ainda vão ocorrer, mantêm um prenúncio no horizonte de que há esperança de uma mudança.
Temos que confiar em pessoas como o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo em curso no Paraná e que vem dirigindo o processo da Operação Lava Jato que, por ocasião do recebimento do título de Personalidade do Ano, no dia 18.03, assim afirmou: "Por mais plural que seja a democracia, existe um consenso. Todos são contra a corrupção e todos concordam, seja aqueles à esquerda, seja à direita, que a corrupção, quando identificada e provada, deve ser punida. O Brasil já enfrentou problemas maiores. A corrupção é mais um. Não vejo nenhum problema como insuperável."
Que assim seja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário