sábado, 15 de junho de 2019

Quando a surpresa se chama Paris

Conhecer novos lugares é sempre saudável e viajar sempre traz surpresas e alegrias. Santo Agostinho, filósofo, tem uma frase marcante: "o mundo é como um livro, e quem não viaja lê somente a primeira página". Realmente, viajamos para conhecer novas páginas, mesmo quando as viagens não sejam especificamente para fins turísticos e filosóficos. O que importa é o momento e o proveito. Qualquer viagem traz sempre novas situações, ainda que se volte para algum lugar já visitado. Nas poucas aventuras realizadas, duas cidades sempre me deixaram impressões marcantes ficando sempre o desejo de retorno: Paris e Florença.
Por força de um novo período de pesquisa de minha esposa Fernanda, desta vez em Bolonha, comuna italiana, capital e maior cidade da Emília-Romagna, centro norte da Itália, local da Universidade mais antiga da Europa, 1088, no retorno ao Brasil, o roteiro previa uma escala da Air France de uma hora e meia no aeroporto Charles de Gaulle em Paris. Cá com meus botões, pensava, passar em Paris, ficar preso no aeroporto por uma hora e meia e não ver a grande dama mais uma vez era, realmente, um desperdício.
E, não é que, pensamentos fortes às vezes causam fortes realizações? Estávamos no aeroporto de Bolonha, aguardando a hora do embarque para Paris, que deveria ocorrer às 7h10 da manhã, quando no alto falante surge uma informação, à primeira vista, desagradável: o aeroporto, por força de determinação dos órgãos de segurança, estaria fechado por duas horas. Consequência: não teríamos condições de embarcar no voo de escala Paris a Guarulhos, ficando nosso retorno ao Brasil dilatado para quando houvesse novo voo em substituição.
E, assim se deu. Chegamos a Paris, dez minutos após a saída de nosso previsto embarque. No guichê da Air France, uma simpática atendente num misto de nos deixar tranquilos e aproveitar o episódio para tirar proveito, sugeriu que, como o único voo a nos oferecer sairia às 23h25, poderíamos tomar um café da manhã no aeroporto e, a seguir, pegar um trem que nos deixasse na estação Saint Michel, bem em frente da Catedral de Notre Dame, e daí andar na cidade até às 19h00, hora prevista para novo check in.
E que contratempo feliz! Após um excelente café, com os famosos pães franceses, doces e os melhores macarons que experimentamos na cadeia de restaurantes Paul, partimos para o "sacrifício" de retornar aos melhores pontos turísticos da "Cidade Luz".
A temperatura era amena, com chuviscos intermitentes, mas nada que impedisse a alegria de rever a Notre Dame, ainda que chamuscada, percorrer o Sena com todas as atrações que o circundam, tropeçar em incalculáveis patinetes elétricos (febre atual), parar num dos inúmeros cafés para uma pausa para um creme bruléé e, andar, andar, Louvre, Jardim das Tulherias,  Museu D'Orsay, Ponte Alexandre III, Invalides, Grand Palais, na Avenue Winston Churchill, Champs Elysées.
No Boulevard St. Germain, 7º arrondissement, para aliviar o cansaço nada melhor que outra boa surpresa: um desejo antigo é satisfeito, experimentar o verdadeiro doce "Mil Folhas". Sinceramente, trata-se de uma experiência imperdível. É o melhor doce que já comemos. E, este, guardei o local e endereço da patisserie: Gosselin Paris, 258 bld St-Germain. Mais caminhadas e o retorno ao aeroporto, com calos surgindo mas uma felicidade incalculável de uma surpresa inesquecível!
Na lembrança, uma advertência do famoso escritor T.S. Eliot, veio à memória: "o maior perigo sobre Paris é que ela é um tremendo estimulante". Santo Agostinho tinha razão: conseguimos ler mais uma vibrante página.


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