domingo, 28 de outubro de 2018

O Bem vencendo o Mal

"Nos indivíduos, a loucura é algo raro - mas nos grupos, nos partidos, nos povos, nas épocas, é regra" (Niestsche - Para além do Bem e do Mal)

A frase, de um ícone do niilismo ativo, em contraposição ao niilismo de Schopenhauer (passivo), se aplica aos últimos tempos de uma eleição marcante, como há muito tempo não se via, ocorrida no Brasil. Nunca uma eleição presidencial proporcionou tão candentes defensores. Após o primeiro turno, com a exclusão de candidatos sem forças marcantes, restaram os dois que representavam duas correntes antagônicas. De um lado, um capitão da reserva, várias vezes reeleito deputado federal, muito polêmico, criticado por expressões infelizes sobre determinados assuntos tabus, mas extremamente honesto, com intenção de mudar o status quo da política, além de defender valores muito queridos ao povo, como patriotismo, honestidade, família, combate ao aborto, defesa intransigente da segurança, educação e, acima de tudo, antipetista convicto. De outro lado, um professor universitário marxista, ex-ministro da Educação sem brilho em governos do PT, com uma única experiência administrativa de prefeito, muito criticada, na cidade de São Paulo, mas sem estrela própria. Foi colocado para substituir Lula que teve sua candidatura invalidada por ter condenação criminal e ser ficha suja. Ou seja, o denominado "poste", que, uma vez eleito se propunha a indultar Lula e transformá-lo no verdadeiro administrador.
O cenário era, portanto, bem claro!  Ao povo, muitas vezes ludibriado por falsas promessas dos governos passados, eram postas duas opções: o candidato Haddad, que representava um político condenado por corrupção, além de ter, no partido, vários outros membros também condenados pelos mesmos crimes, tudo comprovando a existência de uma organização criminosa . E, de outro lado, Bolsonaro, que no primeiro turno sofreu tentativa de assassinato, político honesto, com proposta que vinha de encontro aos anseios da maioria: desinfecção dos setores corruptos, combate à insegurança, correção da economia com a volta do desenvolvimento e o combate ao desemprego, além de propostas para saúde e educação.
Os adeptos de Haddad, cujo programa de governo lembra regimes ditatoriais como a Venezuela, pautaram suas críticas a Bolsonaro e, de quebra, levaram seus defensores a acreditarem que o adversário seria o representante "fascista". De seu lado, os adeptos de Bolsonaro denominaram o adversário de defensor do comunismo, no caso específico, de um socialismo corrupto, pois as  alegações sobre corrupção não comportavam discussões uma vez que já comprovadas judicialmente.
A pecha de fascismo foi usada indevidamente, mesmo porque quem a usou nem sabe ao certo o quão difícil se torna, mesmo para os especialistas, a definição do termo. Assim, um dos nossos mais ilustres estudiosos da ciência política, Norberto Bobbio (BOBBIO, Norberto, MATTEUCCI, Nicola, PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política.  8. ed., vol. 1. Brasilía: Unb ed., 1985. p.466) já enfatizara que na vastíssima literatura sobre fascismo é comum encontrarmos definições diversas e frequentemente contraditórias: "a multiplicidade de opiniões é demonstrativa não só pela real complexidade do objeto estudado, como também pela pluralidade de enfoques, cada um dos quais acentua, de preferência, um ou outro traço considerado particularmente significativo para a descrição ou explicação do fenômeno".
No entanto, o que importa é que, no caso, não há de se falar em fascismo na sua acepção, sendo apenas um argumento falso usado por quem, à falta de outro elemento, nele se bateu inutilmente. Se, do lado de Bolsonaro, não houve argumento concreto para desacreditá-lo, do outro lado, de Haddad, sobraram motivos para travarem de vez sua aceitação: candidato que representava um partido adepto da corrupção, com práticas que desrespeitam as leis vigentes, os bons costumes, além de uma campanha totalmente voltada à mentira, promessas impossíveis e, o que é o pior, a volta do petismo totalmente reprovado pela população.
O resultado final da eleição mostrou a sabedoria popular e, como se viu, o Bem venceu o Mal!
Como bem o disse o imortal poeta Mário Quintana:

"Do bem e do mal todos tem seu encanto: os santos e os corruptos.
 Não há coisa na vida inteiramente má.
 Tu dizes que a verdade produz frutos...
 Já viste as flores que a mentira dá? "

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